[RESENHA] UM AMOR PARA LADY JOHANNA, DE JULIE GARWOOD

domingo, 9 de abril de 2017 Nenhum comentário
AUTORA: JULIE GARWOOD
EDITORA: UNIVERSO DOS LIVROS 
NÚMERO DE PÁGINAS400
LANÇAMENTO: 2016
GÊNERO: ROMANCE 


''Escrita marcante, humor afiado,um enredo de ritmo rápido temperado com muito perigo e suspense, e uma abundância de química sensual. ''
Booklist

A história se passa na Inglaterra, em 1206 , onde um servo tem a missão de entregar a grande notícia para a tão jovem Lady Johanna (seu marido, Barão Raulf, estava morto). Como reagiria a sua senhora ao saber o trágico fim de  seu marido? Lady Johanna possuía um futuro  incerto, agora que ela não passa de uma viúva que carrega um grande segredo, fazendo sua vida correr perigo. O Rei John seria capaz de qualquer coisa para silenciar a moça. 

Nicholas Sanders, irmão de Lady Johanna, querendo salvar sua doce irmã das garras do Rei John, faz uma viagem até as Terras Altas ( conhecida pelos ingleses como Escócia) com a tentativa de convencer o Lorde McBain (um grande guerreiro, poderoso, intimidador e nomeado a líder dos clãs McBain e Maclaurin) a se casar com Johanna, assim Lorde McBain teria total direito das terras que seu povo habitava, tentando restaurar o castelo que fora destruído após a última batalha com os ingleses graças ao Barão Raulf. 

Johanna sofria muito quando vivia ao lado de Raulf, ele a agredia verbalmente e fisicamente. Tristeza, medo e solidão faziam parte do cotidiano da moça. Como seria ir para outro país, aprender outra língua, outros costumes, casar- se com um guerreiro bárbaro? Ela voltaria a sofrer, seria uma continuação do que ela passava com seu antigo marido? Ela não tinha muitas opções, então teria que correr esse risco ( mal sabia ela que sua vida mudaria completamente, tendo que passar por grandes e perigosas aventuras).

''[...]Ela era linda, ainda que a aparência dela não tenha sido a razão pela qual perdera a cabeça e se apaixonara, Deus era testemunha. Não, fora o caráter que o conquistara e o desarmara de suas defesas. A aparência se desgasta com a idade, mas a beleza do coração e da alma de Johanna pareciam se tornar mais radiantes a cada novo dia. ''
Trecho do livro

A obra me surpreendeu bastante e confesso que fiquei com medo de não me agradar por ser um romance de época, mas superou todas as minhas expectativas com bastante aventura, , um romance sensual, ardente e um humor na dosagem ideal. É muito importante comentar a evolução dos personagens durante toda a história, podendo  perceber que nem tudo é o que parece ser e as pessoas podem mudar devido aos obstáculos e dificuldades que passam.

Se você gosta de personagens corajosos, que as princesas não precisam ficar sempre esperando alguém fazer algo por elas,  saiba que esse livro é uma escolha ideal para uma leitura de qualidade. Não se assustem pelo número de páginas, pois a leitura é tão envolvente que você nem percebe que conseguiu ler 400 páginas em tão pouco tempo. Estou apaixonada pela obra!!

OBS: Este livro apresenta conteúdo erótico. 


Nota: 5/5.




[RESENHA] AS MAIS BELAS HISTÓRIAS (Volume 1)

sexta-feira, 31 de março de 2017 Nenhum comentário
AUTOR: ANDERSEN, GRIMM, PERRAULT
EDITORA: AUTÊNTICA
NÚMERO DE PÁGINAS: 160
LANÇAMENTO: 2016
GÊNERO: LITERATURA INFANTIL

Este livro foi cortesia da editora devido à parceria com o  evento Aliança de Blogueiros -RJ.


Reunindo textos conhecidos e outros nem tanto assim, As mais belas histórias é uma coletânea de contos clássicos da literatura universal. Nesta edição, encontramos as versões integrais, originais, de histórias já consagradas há anos, como ''A bela adormecida", "O gato de botas", "João e Maria", "Rapunzel" e outros. Esqueça as versões da Disney, DreamWorks e outras, pois aqui tudo é completamente diferente... e menos colorido.

Entre seus 14 contos, o livro te faz passear entre o esperançoso e o trágico, o obscuro e a "luz no fim do túnel". Apesar de parecer infantil, os textos também tratam de temas adultos. Alguns pais podem até ler essas histórias e pensar que são pesadas demais para os seus filhos (e até com certa razão, mas isso vai depender do seu ponto de vista). Bem, na verdade, talvez, a função dessas histórias seja revelar que o mundo não é tão colorido assim. Talvez esse seja o segredo desses textos. Ou não. 
No começo do livro, encontramos uma nota da Editora Autêntica, de Antonieta Cunha, aos pais e professores, muito interessante e esclarecedora à respeito sobre os temas dos textos deste volume.

"O primeiro a ser considerado é que essas histórias pertencem ao folclore mais antigo, não só da Europa. Com as naturais diferenças, devidas à época e ao ambiente, narrativas com núcleo ou tema muito próximos aos dos contos de fadas aparecem em culturas mais antigas que as europeias. E como, como acontece ainda hoje, em geral, o folclore não distinguia o público: os contos de fadas não era especificamente para crianças."

Mostrando um exemplo na prática, vou contar um pouco sobre "João e Maria" e "O Pequeno Polegar". São histórias semelhantes registradas por autores diferentes, de formas diferentes. Partindo do ponto de que sabemos que essas histórias foram contadas apenas boca à boca por anos e anos, é possível imaginar que, conforme o tempo passou, algo da história acabou sendo alterado involuntariamente - como aquela famosa brincadeira do telefone sem fio. 


Charles Perrout registrou O Pequeno Polegar em 1697 no seguinte formato: Um casal, pobre e desesperado por ter muitos filhos para alimentar e nenhuma condição suficiente para isso, resolve abandonar os sete filhos no meio de uma floresta perigosa. Enquanto eles planejavam tal absurdo, um de seus filhos, o menor deles, acabou ouvindo tudo. O menino chorou, mas, no início da manhã, foi até a beira do rio, onde encheu os bolsos com pedrinhas brancas, e voltou para casa. Já no conto dos Irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, de 1812, João e Maria, há duas diferenças neste começo:  ao invés de sete irmãos, o casal tem apenas dois filhos. E esses dois filhos são apenas do pai, pois a mulher é madrasta das crianças. 
No conto de Perrout, o Pequeno Polegar indica aos seus irmãos o caminho de volta para casa através das pedrinhas brancas que jogou pelo chão enquanto caminhavam em direção à floresta - e João, dos irmãos Grimm, fez o mesmo, ajudando sua irmã Maria a voltar. 
Em seguida, em ambas as histórias, as crianças acabam perdidas na floresta numa segunda tentativa de abandono por parte de seus pais (tanto o Pequeno Polegar quanto João jogam migalhas de pão pelo caminho de casa até a floresta, mas as aves as comem). E as maiores diferenças começam logo depois disso. João e Maria, assim como o Pequeno Polegar e os seus seis irmãos, vão parar na casa de uma mulher (no caso dos irmãos Grimm, uma velha bruxa, e de Perrout, a esposa de um ogro).


"No início da manhã, antes das crianças acordarem, a bruxa já estava de pé. Ao ver os dois dormindo, tão lindos, com suas bochechas redondas e rosadas, murmurou para si mesma: 
- Vai ser um banquete delicioso..."

A bruxa tenta fazer com que Maria a auxilie em preparar uma refeição como João, seu irmão, sendo o prato principal, porém a menina acaba se livrando da velha bruxa e as crianças fogem.


"Então Maria lhe deu um empurrão e a levou para o fundo do forno. Rápida, fechou a porta e passou o ferrolho. Pronto: a velha começou a uivar de uma maneira horrível, mas Maria fugiu, e a malvada bruxa queimou até morrer"

Já em O Pequeno Polegar, as coisas são um pouco mais longas e complexas. A esposa do Ogro não é uma pessoa má, mas ele adora apreciar uma carne de criança como refeição. A mulher recepciona as sete crianças famintas, dando-lhes comida e conforto. Porém, quando o ogro volta para casa, a mulher dele esconde Pequeno Polegar e todos os seus irmãos, mas em vão: ele acaba encontrando as crianças apenas pelo olfato. Ele ordena que sua mulher prepare as crianças para uma deliciosa refeição imediatamente, mas ela consegue driblar o marido.

"O ogro já tinha agarrado um deles, quando a esposa sugeriu:
- Para que fazer isso agora? Amanhã não seria melhor? (...) você já tem tanta carne.
(...) - É verdade - concordou o ogro. - Dê comida a eles, para que não fiquem magros demais, e os coloque na cama. 

O ogro tinha sete filhas pequenas. Pequeno Polegar havia observado que as filhas dele usavam coroas de ouro, e, com medo de que o ogro mudasse de opinião sobre não matá-los, levantou-se à meia-noite e, pegando seu boné e de seus irmãos, foi bem devagar e os colocou na cabeça das sete ogrinhas. Antes, ele pegou as coroas delas e as colocou em sua cabeça e nas dos irmãos. 
Pouco depois, o ogro se levantou no meio da noite, arrependido por ter adiado o que poderia ter feito antes. Saiu rapidamente de sua cama e pegou um facão. 

"Assim, sem mais demora, cortou as gargantas de suas sete filhas. Bem satisfeito com o que tinha feito, voltou para cama, junto à esposa. 
(...) A mulher desmaiou. O ogro, temendo que sua esposa fosse demorar demais para fazer o que tinha ordenado, subiu para ajudá-la. Não ficou menos espantado do que ela ao ver a terrível cena.
- O QUE FOI QUE EU FIZ?! - gritou. - Aqueles pestes vão pagar por isso, e é já!" 

E ele saiu, devastado, com suas botas (encantadas) de sete léguas atrás dos sete rapazes. O ogro procurou, procurou, procurou, mas nada encontrou. Ele acabou se sentando para repousar na rocha onde os meninos haviam se escondido. Quando ele pegou no sono, Pequeno Polegar mandou seus irmãos irem para casa. 

"...foi até o ogro, tirou suas botas e com cuidado as calçou. As botas eram largas e grandes, mas, como eram encantadas, tornavam-se maiores ou menores de acordo com o tamanho dos pés de quem as usasse. (...)
Polegar logo partiu para a casa do ogro, onde viu a esposa chorando, amargurada, por causa das filhas mortas.
-Seu marido corre grande perigo. Foi capturado por um bando de ladrões, que juraram matá-lo se ele não lhes der todo o seu ouro e sua prata."

O menino mostra as botas, como forma de provar que o próprio ogro o enviara. E assim a história termina: ele volta para casa com todo a riqueza do ogro, sendo recebido com grande alegria. No conto dos irmãos Grimm, quando as crianças voltam para casa com as riquezas da velha bruxa, a antiga madrasta já havia falecido por uma doença terrível, e então, eles vivem felizes para sempre apenas com o pai. 

E então, conseguiram sentir diferenças propositais entre os dois textos? Pois bem. A primeira coisa estranha dos contos a se observar é o fato dos pais escolherem abandonar os próprios filhos. No texto de Perrout, de 1697, o casal concorda que prefere deixar as crianças na florestas a vê-los morrer de fome. Pouco mais de cem anos depois, na versão dos Grimm, a mãe vira madrasta, e ela quem incentiva o homem a abandonar os seus filhos.

"Estamos quase sem nada de novo, temos só um pão. As crianças têm de ir embora! Vamos levá-las mais para dentro da floresta, de modo que elas não encontrem o caminho de volta de novo. Não há outro meio de nos salvarmos."

Assim como nós hoje podemos nos questionar acerca da atitude dos pais da primeira versão, em O Pequeno Polegar, os pais daquela época, pouco depois do fim da era medieval, e até mesmo as crianças, deviam se perguntam, questionar, esse tipo de coisa. Talvez, os pais não queriam transmitir algo assim aos seus filhos, para que eles não pensassem que, por um acaso, fariam a mesma coisa com eles. E é aí que, através do telefone sem fio do tempo, a mãe tornou-se madrasta. Afinal, a explicação para tal atitude não ficaria bem mais simples dessa maneira? 

Segundo e terceiro ponto; a família Ogra torna-se somente uma bruxa. Nessa época, a bruxa e a bruxaria eram vistas de forma ruim pela sociedade (como algo que fosse verdadeiro, real), principalmente pela influência dos pensamentos cristãos que surgiram. Então, matar e roubar uma bruxa má parecia menos pior, não? Era figura de medo, diabólica... Bem melhor do que "matar" sete crianças por inteligência e roubar todo o ouro de uma família através da trapaça. Com o tempo, acho que acabaram percebendo que o Pequeno Polegar era maduro demais para sua idade...

"A gentil senhora, muito triste e assustada, deu-lhe tudo o que tinha, pois, embora o ogro comesse criancinhas, era um bom marido e queria salvá-lo."

Para finalizar, gostaria de retomar o que foi dito na Apresentação do livro, feito pela editora Autêntica. De fato, os contos de fadas, inicialmente, não foram feitos para exclusivamente para crianças, mas podemos encontrar nesses pontos citados acima, que, com o tempo, as histórias foram se adequando aos seus ouvintes, principalmente aos mais novos. 
Como exemplo, podemos ver que as adaptações dessas histórias feitas recentemente são muito mais "leves" que as originais. Nesse volume, podemos encontrar uma Bela Adormecida bem diferente da personagem que tanto conhecemos da Disney. As versões para as crianças de hoje são bem mais, hã, digamos, coloridas. Não vou contar sobre mais nenhum, pois recomendo que confira por si mesmo. 

Se esse livro é para crianças ou não? Vai depender de você, ou do seu filho, sobrinho, primo, irmão, não sei. Mas ele é fantástico e também serve demais para nós, adultos (e eu nem sou tanto assim ainda). 

Dos "não tão conhecidos assim", o que mais me divertiu foi "Os músicos de Bremen", dos Grimm. O mais sombrio e dramático, sem dúvidas, é o "A pequena vendedora de fósforos", de Andersen. Preciso desse segundo volume pra ontem!

Leitura rápida e fluida, que, ora te assusta, ora te encanta. 

Nota: 4,5/5.


[RESENHA] ALUCINADAMENTE FELIZ, JENNY LAWSON

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AUTORA: JENNY LAWSON
EDITORA: INTRÍNSECA
NÚMERO DE PÁGINAS: 356
LANÇAMENTO: 2016
GÊNERO: NÃO FICÇÃO
Este livro foi cortesia da editora devido à parceria com o  evento Aliança de Blogueiros -RJ.

Alucinadamente feliz é um livro engraçado sobre coisas horríveis! Jenny Lawson, autora, conseguiu escrever sobre depressão e diversos outros transtornos e maneira ridiculamente hilária!

A autora conta diversas histórias sobre a vida dela, a mesma tem diversos transtornos, e conta as experiências que teve e que tem. Ela conta sobre as idas a psiquiatra, sobre a vida a dois e como o marido, Victor,  lida com os transtornos dela, e que apesar de todos os problemas eles conseguem tem uma vida "normal".
O livro tem uma linguagem fácil e gostosa de ser lida, a autora conversa com o leitor e faz diversas piadas e brincadeiras .

Uma das coisas mais incríveis e engraçadas do livro é que o guaxinim da capa realmente existe e ele tem um companheiro!


"Estou tendo uma daquelas semanas em que só quero arrancar as roupas e me deitar na rua. Isso é uma condição clínica? Porque parece."

O Rory (da capa) andou com uma galera da pesada e acabou virando pizza de asfalto e um amigo da Jenny resolveu imortalizar o espírito de Rory de um modo perturbado a Alucinadamente feliz. E, o que mais me encantou E me deixou assustado foi que a Jenny tem o Rory como exemplo/companheiro, 

"Rory está presente, constantemente oferecendo apoio com seus "High Fives", porque ele entende o valor de comemorar pequenas vitórias. Victor pode se recusar a me parabenizar por eu não ter caído em um poço naquela semana, mas sempre posso contar com aquele guaxinim morto"

Apesar de todo o humor do livro, Jenny nos mostra a importância de falar e conversar sobre esses transtornos, de quebrar os Tabus que giram em torno dos problemas psicológicos. O final do livro me tocou de uma maneira incrível, às vezes as pessoas que tem algum tipo de doença mental se sentem culpadas, mas não é culpa delas, o fato de se sentirem como um peso morto mas não são, conversem sobre isso, haverá pessoas que vão se afastar e outras que vão te apoiar. Jenny mostra o quão importante é você ser honesto consigo mesmo e com as outras pessoas.

"Porque há algo de maravilhoso em aceitarmos os defeitos de alguém, especialmente quando isso nos dá a chance de aceitar nossos próprios defeitos e ver que são eles que nos tornam humanos." 

Nota: 4/5



[RESENHA] CABEÇAS DE FERRO, DE CAROL SABAR

quinta-feira, 30 de março de 2017 Nenhum comentário
AUTORA: CAROL SABAR
EDITORA: JANGADA
NÚMERO DE PÁGINAS: 304
LANÇAMENTO: 2016
GÊNERO: FICÇÃO/LITERATURA BRASILEIRA
Este livro foi cortesia da editora devido à parceria com o  evento Aliança de Blogueiros -RJ.

Quando um aluno chega no terceiro ano do Ensino Médio, seu sonho é conseguir passar para a uma ótima universidade, melhorando o currículo e ganhando novas experiências acadêmicas. Maria Luísa (mais conhecida por Malu ou Pikachu) uma menina bem humorada, adora um desafio e sua grande inteligência a fez passar em primeiro lugar no curso de Engenharia da faculdade mais prestigiada do Brasil (Universidade Ponto sem Nó, também conhecidíssima por ser a  Universidade dos Cabeças de Ferro).

Para um calouro de Engenharia poder começar o seu ano letivo na Universidade, havia a tradição do trote fedorento ( que consistia em uma fileira de alunos do primeiro período ficam esperando os alunos do segundo derramarem uma garrafa contendo um líquido nojento e super fedido na cabeça das vítimas).

O grande problema é que quem aplicaria o Trote seria Artur Cantisani, o mesmo garoto que era seu amigo e foi capaz de humilhar Malu na frente da escola inteira (dando origem ao famoso apelido Pikachu, virando seu maior inimigo). Artur, de última hora, despeja o líquido na garota ao lado (para a surpresa de todos) a garota começa a ter um choque anafilático.

'' Pelo trote, eu já esperava. Mas nem nos meus piores pesadelos imaginei que minha vida universitária fosse começar assim, tão tumultuada.''
Trecho do livro

No meio de todo o desespero, as pessoas começam a fugir do local e apenas restam Artur, Malu e Nicolas (veterano do curso de Direito, melhor amigo e que nutre sentimentos pela moça). Como fazer para socorrer a vítima? Ela vai sair dessa com vida? Haveria algum motivo para  Artur não ter despejado o líquido em Malu? Qual a razão pelo fato de apenas a garrafa de Malu possuir um líquido de cor diferente de todas as outras ? Quem tentou matar Malu e incriminar Artur? 

Com suas vidas em perigo, devido ao terrível acontecimento,  os dois inimigos desde os 11 anos de idade (devido a humilhação que Malu passou) são obrigados deixarem as diferenças de lado e trabalharem juntos, usando a inteligência de ambos para investigar quem está por trás de todo esse acontecimento. Muitas surpresas os aguardam... 

'' A autora mineira integra um time de jovens autoras que vêm se destacando no cenário literário.''
Jornal de Brasília 

Esse é um livro de tirar o fôlego do leitor, causando a curiosidade de saber o que vai acontecer e dar uma de detetive para saber quem é o verdadeiro culpado. Com uma história narrada de forma bem natural e divertida, podemos ter total interação com o mundo de Malu. Uma obra maravilhosa, super simples de entender, cheia de suspense, aventuras, humor, referência de músicas maravilhosas e aquele bom e velho romance que não poderia faltar (só não revelarei os seres envolvidos nele, haha!), todos elementos compõem esse livro, tornando-o incrível.

'' Carol já está entre as minhas autoras nacionais favoritas.''
Blog Minha Vida Literária

Gostaria de parabenizar a Carol Sabar por ter criado uma história tão marcante e envolvente. O livro é simplesmente maravilhoso!

Nota: 5/5



[RESENHA] O MEDO MAIS PROFUNDO, DE HARLAN COBEN

quinta-feira, 23 de março de 2017 Nenhum comentário
AUTOR: HARLAN COBEN
EDITORA: ARQUEIRO
NÚMERO DE PÁGINAS: 270
LANÇAMENTO: 2016
GÊNERO: POLICIAL
Este livro foi cortesia da editora devido à parceria com o  evento Aliança de Blogueiros -RJ.

Temos aqui mais um livro (o sétimo!) da série de Myron Bolitar, um personagem do autor Harlan Coben. Você não precisa ler o primeiro e o segundo para ler o terceiro, são todos independentes (ufa). A única coisa em comum entre eles é o Myron como protagonista, o que é incrível, já que ele é um personagem fantástico. Ele não é nem herói, nem vilão. Ele é totalmente humano, e, como a maioria de nós, às vezes, Myron acaba passando por cima dos próprios princípios para conseguir o que quer. É como se fosse um anti-herói (ou quase isso). E aqui, em "O medo mais profundo", nós vamos acompanhar exatamente isso. Na parte inferior direita da capa há a frase "Do que você seria capaz para salvar seu filho?". Pois bem, é sobre isso que o livro se trata.



Falando rapidamente sobre o passado que molda a história, Myron é um ex-jogador de basquete que se tornou um agente esportivo (e detetive vez ou outra). Logo de cara, o personagem encara o retorno de uma ex-namorada (sua primeira) de sua época da faculdade, Emily Downing, que terminou com ele de forma dolorosa, trocando-o por seu maior adversário no basquete daquela época, Greg. 
Ela volta para pedir ajuda: seu filho de 13 anos, Jeremy, está morrendo e precisa de um transplante de medula óssea. A segunda revelação é ainda pior: Myron é o pai do garoto, uma consequência da última noite que passaram juntos.

A partir daí, o livro entra em uma investigação, uma série de mistérios que vamos desvendando conforme a narrativa brilhante de Harlan avança. Quanto mais o livro avança, mais mistérios surgem! O título de "O mestre das noites em claro" não é dado ao autor por acaso; fiquei preso ao livro o tempo todo durante a rápida leitura. 

"-Qual é o seu medo mais profundo? - sussurra a voz - Feche os olhos e imagine. Você consegue visualizar? A agonia mais terrível?

Após uma longa pausa, digo:

- Sim.

- Ótimo. Agora imagine algo mais terrível..."

Trecho: O medo mais profundo. 



Myron acaba descobrindo, através da médica de Jeremy, que há um doador compatível com o garoto, mas o homem simplesmente desapareceu. A solução parecia simples: achar o doador e convencê-lo a doar sua medula, mas as coisas se complicam quando Myron, com a ajuda de Esperanza, descobre que o tal doador é um verdeiro fantasma - não possui cadastro social, contas, absolutamente nada. Alguém sem passado! Hmmm...

Depois, a partir desse nome, Myron é levado a uma família poderosa e misteriosa, ao FBI, se mete com um ex-jornalista mentiroso e um suposto serial killer. É, pois é. Fica realmente difícil de largar esse livro e parar de roer as unhas durante a leitura...






"Havia uma verdade universal: as mentiras corrompem. Tentamos afastá-las. Colocá-las numa caixa e enterrá-las. Mas elas acabam saindo de seus caixões e túmulos. Podem dormir durante anos. Só que sempre acordam. E, quando o fazem, estão mais descansadas, mais fortes e insidiosas. As mentiras matam."




Como eu disse, Myron vai fazer de tudo para encontrar um doador para o seu filho. E, claro, ele não conseguiria fazer isso sem Esperanza e os outros personagens secundários, que são fundamentais para o desenvolvimento da trama. Win, o melhor amigo de Myron, e Esperanza, sua amiga e secretária, e a Agente Green, do FBI, são muito bem explorados aqui. Destaque também para Jeremy, a criança doente, que é muito bem desenvolvida pelo autor, mesmo aparecendo apenas pouquíssimas vezes durante a narrativa. 
Emily faz bem o papel de mãe desesperada, mas nada muito além. Na verdade, Harlan até tenta colocar uma dúvida na cabeça do leitor sobre a veracidade das palavras de Emily em alguns momentos, mas admito que isso não colou muito comigo. Caso ela não estivesse falando a verdade, o livro certamente teria outro tom nos momentos finais, e um desfecho completamente diferente... Não sei se ficaria bom. 

Há um diálogo extremamente interessante no capítulo 22, enquanto Myron ainda está atrás de quem é esse tal doador fantasma. Ele vai atrás de Peggy Joyce, uma possível ex-professora do doador desaparecido de Jeremy. Depois desse capítulo, eu pensei, "Okay, já valeu a leitura. Sério mesmo''.


"-As crianças são totalmente id. Talvez sejam as criaturas mais naturalmente malvadas da face da terra.
-Que opinião mais estranha para uma professora.
-É só uma opinião honesta.
-Qual palavra a senhora usaria então?
Peggy refletiu.
-Sob pressão, eu diria "inacabado''. Ou, talvez, "rudimentar". Como uma fotografia que ainda não foi revelada. O senhor se lembra daquele livro Tudo que eu devia saber aprendi no jardim de infância?
-Sim.
- Isso é verdade, mas não da forma que o senhor imagina. A escola tira as crianças do casulo materno afetuoso. Ensina-lhes a intimidarem ou a serem intimidadas. A serem más umas com as outras, e que mãe e papai mentiram quando diziam que elas eram especiais e únicas. 
Myron ficou em silêncio.
-O senhor não concorda?
-Não sou professor de pré-escola.
-Não tire o corpo fora, Sr. Bolitar. Elas aprendem a socializar. É uma lição difícil. E, como todas as lições difíceis, é preciso errar para acertar.
-Em outras palavras, elas aprendem a ter limites?
-Sim.
-Interessante. E talvez verdadeiro. Mas o senhor se lembra do exemplo que dei, de uma fotografia sendo revelada?
-Sim. 
-A escola só revela a foto. Não a tira. 
Trecho: Capítulo 22.

O medo mais profundo é um livro ágil e inteligente, sem enrolações e surpreendente. No final, quando tudo é aparentemente resolvido, eu até cheguei a pensar "ué, então é só isso?", porém, algumas páginas depois eu acabei entendendo tudo e AAAAAAAAAAA. O Harlan sabe exatamente como surpreender, de verdade. E, além de surpreender, ele sabe nos fazer rir, porque esse livro também consegue ser muito, muito engraçado. Eu até poderia colocar algum diálogo engraçado aqui, mas são tantos que eu vou deixar para vocês conferirem por si mesmos. 


Simplesmente brilhante. Você vai rir, rir muito, roer as unhas, ficar boquiaberto, e ainda vai passar algumas horas pensando no livro enquanto almoça, estuda ou trabalha. 
E ainda vai querer mais. 

Nota: 5/5








[CRÍTICA] POWER RANGERS (2017)

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Data de lançamento: 23 de março de 2017 (2h 04min)
Direção: Dean Israelite
Elenco: Dacre Montgomery, RJ Cyler, Naomi Scott.
Gêneros Ação, Aventura, Ficção cientiífica.
Nacionalidade: EUA
SINOPSE
A jornada de cinco adolescentes que devem buscar algo extraordinário quando eles tomam consciência que a sua pequena cidade Angel Grove - e o mundo - estão à beira de sofrer um ataque alienígena. Escolhidos pelo destino, eles irão descobrir que são os únicos que poderão salvar o planeta. Mas para isso, eles devem superar seus problemas pessoais e juntarem sua forças, antes que seja tarde demais.
Não recomendado para menores de 10 anos.
Sempre que um filme é adaptado a partir de um material de origem diferente, tem um pouco de dificuldade em tentar adaptar-se aos novos meios de comunicação e para a década atual. Ás vezes ele tem dificuldade para encontrar seu público atual. Power Rangers ainda é tão brega como era na série de TV dos anos 90, mas agora com melhores efeitos, exceto que desta vez é muito mais obscuro do que era antes.
Power Rangers é sobre os 5 adolescentes de diferentes círculos sociais que encontram as moedas que lhes dão super poderes, transformando-os em os Power Rangers. O filme usa os 5 personagens principais do programa dos anos 90, que a maioria do público de 20 anos cresceu assistindo. Jason, Billy, Kim, Zack e Trini, interpretado muito bem por 5 atores menos conhecidos, que são engraçados e simpáticos.
Power Rangers às vezes parece ser 3 filmes diferentes misturados em 1. A primeira metade do filme que parece muito com "O Clube Dos Cinco". A parte do meio lembrou-me muito de "Poder Sem Limites" e a última metade com a sua grande cena de ação, pareceu " Círculo De Fogo", e eu prefiro assistir a qualquer um desses 3 filmes do que assistir Power Rangers. Mas não me interpretem mal, este filme ainda é muito divertido para um fã de Power Rangers.
A primeira metade do filme foca no Jason, o jogador de Futebol Americano do time da escola que tem que ir para a escola todos os sábados até o final do ano. Lá ele encontra Billy, um nerd magro que as outras pessoas implicam, e ele claramente parece que ele não pertence lá com os outros alunos da sua sala. Kim, que era uma líder de torcida, mas foi expulsa da equipe também está na mesma sala de detenção com os outros dois meninos. Os outros 2, o Ranger preto e amarelo, Zack e Trini, obtêm menos tempo de tela, em comparação com os outros 3. Mas mais tarde no filme, eles têm a chance de compartilhar suas histórias e mostrar as suas personalidades.
A parte do meio parece ser um remake de "Poder Sem Limites" com o grupo encontrando algo enterrado no chão que dá super poderes para todos. Depois que eles descobrem seus novos poderes e como lidar com eles, eles conhecem o Alpha 5, que foi dublado muito bem por Bill Hader, que toda vez que ele dizia "Ai ai ai", eu me sentia como um garoto de 10 anos assistindo Power Rangers novamente. Eles também conhecem Zordon, interpretado por Bryan Cranston, que é basicamente apenas uma cabeça gigante em uma parede, mas com sua voz profunda e calma ele oferece alguns conselhos muito bons para os Rangers, especialmente para Jason, o Ranger Vermelho e também o líder. Mas primeiro eles têm que aprender a lutar e se dar bem como uma equipe. Isso infelizmente é onde a maior parte do filme acontece. Eles levam quase metade do filme para aprender a trabalhar juntos, e como se dar bem sem discutir entre si. Isso leva a alguns desenvolvimentos bons de personagens, onde aprendemos sobre as suas histórias e por que eles são do jeito que são. Tem uma boa cena de interação entre os personagens envolvendo uma fogueira. Essas cenas são boas, mas elas não têm que ser quase metade do filme. Isso deixa pouco tempo para as cenas de ação que queríamos ver. Isso deixa apenas cerca de 30 minutos ou mais para os Power Rangers que todos nós queríamos ver.
Os últimos 30 ou 40 minutos parecem ser uma versão menor de "Círculo De Fogo". Com a vilã Rita, interpretada por Elizabeth Banks, que dá uma interpretação divertida, mas também as vezes ela parece ser um desenho animado. Rita libera os seus ajudantes do mal e cabe aos Rangers para detê-los com os seus Zords. A partir deste ponto, foi o filme dos Power Rangers que eu queria ver. As cenas de luta do final do filme pareciam as divertidas cenas de luta da série antiga e os Zords e o Megazord foram ambos incríveis. Mas foi quando a velha música,"Go go Power Rangers" começou a tocar que me senti como uma criança novamente assistindo algo realmente divertido.

Power Rangers foi como a velha série deveria ter sido se tivessem o orçamento e os efeitos especiais no momento. O filme tem falhas, principalmente na parte no meio do filme. Mas se você cresceu assistindo e gostando de Power Rangers você vai se divertir muito assistindo a este filme. Porque foi claramente feito para os fãs que gostavam de Power Rangers desde que eram crianças.

Nota: 3,5/5

Entrevistando o Autor: Ulisses Alves

quarta-feira, 22 de março de 2017 2 comentários


Exemplares, para a entrevista de hoje temos Ulisses Alves. Eu já tive a oportunidade de esbarrar com ele em duas situações: a primeira foi ano passado, quando publicamos na mesma antologia, 31 Contos Assombrados, da Rouxinol Editora. Depois, no começo desse ano, o site burnbook fez uma resenha da antologia, e, para minha felicidade (e do Ulisses), os nossos contos ficaram no pódio (o dele em segundo, e o meu em terceiro). Agora, eu tenho a oportunidade de conhecê-lo um pouco mais - junto com vocês!


 Apresentação:




Ele tem 27 anos, nasceu em Nova Iguaçu, RJ, mas hoje vive em Teresópolis, também no Rio. É de câncer, caminhando na graduação em Design Gráfico e trabalha com motion designer freelancer.
Já lançou Esquimolândia pela Chiado Editora, em 2014. Esse ano, Ulisses irá lançar o seu segundo livro, Emocalipse.

Sem delongas, confira abaixo as perguntas feitas e as respostas (divertidas, já adianto) do autor. Lembrando que as perguntas do Garoto Exemplar sempre estará em negrito. 



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Sejam bem-vindos à entrevista com Ulisses, o nosso convidado do Entrevistando o Autor.  Para inciarmos, diga para nós o que ainda não sabemos sobre você. Quem é, verdadeiramente, Ulisses? Do que você gosta? O que faz no dia a dia? O que escuta? O que você assiste? Como você enxerga o mundo? 

Basicamente eu trabalho o dia todo, haha. Eu sempre curti muito um filminho em casa, desde criança. Isso sempre me inspirou. Sempre gostei muito de escrever, jogar tênis e brincar de Le Parkour. Além de ser viciado em games. A leitura também sempre teve um lugarzinho especial dentre minhas atividades favoritas. Porém, hoje sou casado e tenho dois filhos (um de cinco anos e outro de 1 aninho), e realmente não sobra tempo quase nenhum para quase nenhum hobbie. Mas hoje, eu me definiria como um eterno sonhador. Antes, eu sonhava com o futuro, hoje, eu sonho mais com o passado. Sou extremamente nostálgico e ansioso. Mas quem me conhece, me define como uma pessoa extremamente calma e reservada. Apesar de meu trabalho com edição de vídeo, design de logo, animação gráfica e modelagem 3D me tomar as manhãs, tardes, e na maioria das vezes, as noites também, sempre que tenho um tempo, gosto de maratonar seriados de terror e assistir filmes e mais filmes de terror, suspense, ou ação! Amo jogar videogame, principalmente um Guitar Hero ou FIFA enquanto tomo umas boas talagadas de cerveja, haha! Não consigo trabalhar sem escutar música. Dentre minhas bandas preferidas estão, desde sempre, Queen, The Offspring, Avril Lavigne, My Chemical Romance, The Doors, Yeah Yeah Yeahs e Clarice Falcão. E mais um monte de bandas. Amo música. Minha maneira de enxergar a humanidade, define minha percepção do mundo. Basicamente eu gosto de dizer que amo as pessoas, mas odeio a humanidade. Sou capaz de achar fascinante qualquer indivíduo, por pior que seja a impressão que outras pessoas tenham dele. Mas quando se trata do coletivo, eu realmente acho que a raça humana, era um negocinho que não deveria existir. Tenho até uma teoria de que a raça humana é tão detestada no universo, que todos os alienígenas se mudam e planeta e destroem tudo, para não deixar nenhum rastro de vida inteligente no planeta natal. Justamente pra gente pensar que está sozinho no universo e o planeta Terra ir morrendo sozinho aos pouquinhos. Mas acredito que cada ser humano, seja um milagre incompreendido, até para si mesmo. E justamente isso que nos motiva a buscar a auto compreensão. E a auto compreensão é o caminho para ser uma pessoa melhor (uma pessoa melhor, é aquela que não enche o saco dos outros! Hehe).

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Um salve pro Queens, Clarice Falcão e My Chemical Romance (minha era emo/sad ainda não passou haha). Muito bom, Ulisses. Eu também tenho um complexo em relação à sociedade, também tenho esperanças nos alienígenas; fiquei bem positivo ao assistir "A Chegada", no ano passado (se alguém que está lendo isso ainda não assistiu, eu recomendo). 
Bom, agora seguindo e deixando os extra-terrestres de lado, conta um pouco pra gente sobre o Ulisses autor. Nós já sabemos a sua idade, de onde é e onde vive. Mas, e o escritor dentro de você? Como, quando e onde ele nasceu? Fale sobre sua autodescoberta como escritor.

Eu gostaria de dizer que meus pais tinham uma biblioteca maneira e me incentivavam a ler quando eu era criança. E que eu cresci apaixonado por livros e descobri que amava escrever. Como a maioria dos novos escritores. Mas a verdade é que meus pais não estavam nem aí pra leitura e eu odiava as aulas de literatura na escola. Não tinha a menor paciência para ler. Mas desde que aprendi a escrever, eu amo contar histórias. É algo que eu não consigo segurar. Contar histórias, propor novas realidades, transformar sonhos e ideias em entretenimento é algo que explode de mim! Sempre foi assim. Porém, sempre fui muito tímido e reservado, e por causa dessa minha dificuldade de expor ideias em uma conversa comum, eu fui impulsionado a imortalizá-las na escrita. Desde criança eu escrevo textos e histórias curtas para mim. Mas somente aos 16 anos eu simplesmente decidi começar um livro. E assim, de brincadeira, comecei e terminei um livro de humor. Depois, decidi dar continuidade, e então, nunca mais parei. Porém somente quase 10 anos depois é que decidi publicar. E quanto à leitura, eu comecei a ler depois disso, hahaha. E foi um acidente. Eu amava filmes e gostava dos filmes do Harry Potter. Mas não liguei tanto pros dois primeiros filmes, tinha melhores pra mim, haha (os Potterheads que me perdoem). Mas fiquei tão apaixonado pelo terceiro filme, que não quis esperar um ano para saber o que ia acontecer depois. Então comprei o quarto livro para saber. E foi assim que descobri que ler é legal. Mas pra mim, a escrita vem em primeiro lugar. A necessidade de expor ideias e pontos de vista. E a vontade de inspirar pessoas.

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Acho que eu sou o único ser dessa geração que não começou a ler por causa de Harry Potter! (o primeiro autor entrevistado aqui também começou igual a você). Brincadeira, mas, bem, eu também não tive pais que me incentivaram a ler. E acho que eu também não me lembro exatamente quando decidi escrever, mas foi logo depois de ler As Crônicas de Nárnia (emprestado por uma vizinha minha, deixo aqui um obrigado). Bem, ainda bem que tivemos essa sorte de acabar tendo  com a literatura de algum jeito. 
Para a segunda pergunta, vamos falar sobre inspirações. A minha foi Lewis, como você deve imaginar. E a(s) sua(s)? Quem costuma te influenciar quando você pensa em escrever uma história?

Eu gosto de dizer que eu sou um escritor que escreve com o coração, e não com o cérebro. Isto é, minha matéria-prima é minha própria vida, meus sentimentos e experiências. Isso fica muito evidente para mim depois que leio um livro, alguns anos depois de tê-lo concebido. Descubro muito de mim ali. Existe muita sinceridade no que escrevo. Não é algo “pra inglês ver”, haha. Não escrevo o que acho que o leitor vai querer ler. Algo naquele molde que ele já conhece, e que o leitor possa ler na sua zona de conforto. Eu me inspiro nas minhas vontades, nos meus desejos, nas hipóteses nas quais acredito. Sou muito orgânico na escrita. Músicas e filmes estão no topo da lista de experiências que aceleram minhas inspirações. E alguns livros também, principalmente os do Carlos Ruiz Zafón e Machado de Assis.

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Bonitas palavras, Ulisses! Acho muito válido esse tipo de escrita, ainda mais nos dias de hoje, onde as grandes editoras procuram histórias com aquelas típicas "fórmulas do sucesso"...
Mudando de assunto, muito se fala de leitores-betas hoje em dia. Para quem não sabe, um leitor beta acompanha o processo de escrita de um livro para dar opiniões sobre o que melhorar na história. Você utiliza desse recurso enquanto escreve?

Não, não uso. Se usar, é só por ansiedade mesmo. Opiniões são sempre bem vindas, claro. Mas quem sabe se a história está boa tem que ser o autor. Senão deixa de ser arte, passa a ser algo projetado em cima das vontades de alguém, e não da sensibilidade do autor. A obra começa a ficar distorcida. Um livro, pra mim, é uma obra de arte literária, e não apenas um livro, um produto feito pra agradar o máximo de gente possível. A arte não é assim. A arte é sincera, doa a quem doer. Mesmo que doa no bolso do autor predestinado a morrer de fome, haha. Mas tem autor que usa isso como processo criativo. Acho super válido. Mas para mim não serve.

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A cada resposta eu fico mais impressionado. Quanta personalidade, né non? haha.
Para nossa quinta pergunta, retomando ao assunto "inspirações", já sabemos que essas todas essas influências resultaram em belas histórias. Explana pra gente sobre todas suas publicações até o momento!

Capa: 2014, Chiado Editora.
Em 2014 eu publiquei o primeiro livro que escrevi: Esquimolândia! Escrevi esse livro aos 16 anos, e acho que isso foi em 2006 ou 2007, por aí, haha. Esse ano, acredito que eu maio, lanço a continuação, o Emocalipse. E em intervalo de um ano de um para outro, lançarei o terceiro e o quarto livro da saga Esquimolândia. Para depois publicar O Cemitério das Garrafas Vazias e A Cidade dos Esquecidos (ambos já publicados no Wattpad, mas vou publicá-los na versão física). Eu sempre tenho uma enorme dificuldade para falar sobre Esquimolândia... e também sobre o Emocalipse. Mas somente no ano passado descobri o porque dessa dificuldade. Esquimolândia é um livro simples, leve e absurdamente divertido. Emocalipse é um livro que também apresenta muito humor negro e absurdos inimagináveis. Porém, é mais romântico que o primeiro volume da saga. Tem muito do universo emo e referências da realidade adolescente da época em que o escrevi (2007/2008), como o Orkut e o MSN. Os dois últimos livros são muito mais melancólicos e surreais. E cheios de insatisfação. Foi então que, analisando todos os 4 livros da saga, descobri que são complementares! Não posso definir cada livro individualmente, pois eles só ganham significado real, quando unidos! E também descobri que Esquimolândia representa a minha infância (leve, simples e irresponsavelmente divertida). Emocalipse representa minha adolescência (engraçada, mas repleta de decepções amorosas e inseguranças interpessoais). E os dois últimos livros me revelaram falar da minha entrada na vida adulta, cheia de preocupações e, sobretudo, uma vontade irresistível de retornar à infância, pegando carona nas garrafas de uísque e vinho, furtadas sorrateiramente do bar do meu pai, haha. Então, não tem como eu falar sobre o primeiro livro publicado, e o segundo que sai logo, logo, sem explicar os demais.

Possível foto de Ulisses na época em que começou a colocar suas ideias insanas no papel.


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Sobre essa representação de Esquimolândia com sua infância e o Emocalipse com sua adolescência, é realmente ótimo quando lemos algo que escrevemos há tempos e conseguimos reconhecer os elementos que nos moldavam naquela época, e como esses fatores nos influenciaram para a construção de nossas obras.
Bem, aproveitando o assunto, vamos falar sobre o presente. Ou melhor, sobre um futuro bem próximo: Emocalipse! Fale um pouco sobre esse livro; como sabemos, é praticamente uma continuidade de Esquimolândia! A pergunta que não quer calar é: De onde saiu a ideia para escrever  essa coisa louca e criativa? E com que objetivo você decidiu trazer essa história para o mundo?

Como eu disse, Esquimolândia era apenas um livro que escrevi de brincadeira, para mostrar pros meus amigos e fazer eles rirem um pouco (um pouco mais, porque a gente ria bastante naquela época, haha). Mas esse impulso absurdo, gerado por esse turbilhão de ideias que sempre explodem de dentro de mim, me obrigou a escrever uma continuação, O Emocalipse! Nessa época eu já me sentia sozinho, e a escrita foi algo bastante solitário. Foi algo que escrevi de mim para mim. Mas claro, no universo surreal de Esquimolândia. Nesse livro, as histórias absurdas que meus amigos contavam, me inspiraram completamente. Vez ou outra chegava um amigo na escola dizendo que encontrou uma vassoura com cabelo de gente no bairro dele. Ou um cão de três patas. Eu decidi transformar isso em uma história! Haha. Adicionei referências como Pink e Cérebro, Star Wars, Senhor dos Anéis, Sailor Moon, Osama Bin Laden, Papai Noel e etc. Misturei tudo isso e surgiu Esquimolândia! 
Em O Emocalipse, os personagens se deparam com vampiros em pokebolas, emos chorões, o divórcio da Estátua da Liberdade com o Cristo Redentor, sequestradores de emoticons do MSN, Imperadores do Orkut, desilusões amorosas, revoltas nas favelas do Rio de Janeiro, freelancers que trabalhos como ceifadores para Deus e por aí vai! Hahaha. Eu não tinha um objetivo claro para escrever essas histórias. Mas depois que terminei de escrever a saga, ficou claro que o objetivo da saga Esquimolândia, é fazer com as pessoas percebam que não estão sozinhas. Além de divertir e convidar as pessoas a deixarem seus problemas de lado um pouco, para sorrirem, a saga possibilita uma auto reflexão. Muita gente entra na vida adulta arrastada pelos anos, e no fundo, não estava preparada para isso. Isso fica muito evidente na minha geração. Muita gente da minha idade tem costumes e comportamentos que nossos pais e avós não tinham, e consideram pouco maduro. Hoje, aos 30 anos de idade, um indivíduo conversa horas sobre Harry Potter, coleciona bonequinhos e vira noite assistindo seriado. Nossos pais e avós aos 30 anos, na maioria, consideravam isso, coisa de criança. Eu acho que existe uma relutância saudável em não mergulhar de cabeça na vida adulta, ou seja lá esses conceitos que muitos consideram necessários para uma vida adulta. É muita pressão! 

Capa: 2017, Darda Editora.

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Eu só sei rir! haha Não vejo a hora de poder ler esses livros hilários (e para saber como a Estátua da Liberdade e o Cristo se casaram). Aposto que todos os leitores daqui também estão.
Vamos lá, sétima pergunta, estamos quase terminando: como você costuma criar os seus (loucos) personagens em geral? Falando especificamente de Emocalipse, você se inspirou em alguém para criá-los?

Sim. Mas não é uma regra. Em cada livro eu me inspiro em pessoas diferentes, e uso “processos criativos” diferentes. No Emocalipse eu me inspirei em mim, haha, e em amigos e amigas que tive a grande satisfação de conhecer no Orkut e no MSN. Em Esquimolândia, eu me inspirei descaradamente em meus amigos da escola do ensino médio. E, por exemplo, em A Cidade dos Esquecidos, eu me inspirei nos meus personagens no jogo The Sims 3, haha.

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Já estamos ansiosos! Ulisses, ainda falando sobre esse novo livro, gostaríamos de saber como é estar indo para sua segunda publicação solo. O que mudou  desde a primeira? Fale um pouco pra gente dessa sua evolução como autor. O que mudou?

Bom, o primeiro livro foi muito divertido de escrever. E muito fácil. O que, acredito, resulta em uma obra fácil de ler, e muito divertida. Simplesmente isso. O segundo, apesar de fazer 10 anos que o escrevi, lembro perfeitamente que foi mais difícil de escrever. A história de fundo é mais definida, a personalidade de cada personagem é mais rica. E para isso, eu precisava de muita reflexão, pra entender o que eu estava sentindo, entender aquele momento da minha vida, conhecer todos os personagens e “pintar” tudo isso nas “cores” de Esquimolândia. Para manter o padrão do universo caótico que criei no primeiro livro. Então, O Emocalipse é um pouco mais recheado do que o primeiro.

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Penúltima pergunta! aaaaaaa :( 
Aproveitando o assunto sobre publicação, gostaríamos de saber mais um pouco sobre a sua editora atual, a Darda. Como foi a sua entrada para essa nova equipe?

A Darda Editora é uma editora muito atenciosa e acredita muito no sucesso do Emocalipse. Me apoiou desde o momento em que apresentei o original a eles, e continuam me dando apoio. Tenho muito a agradecer à Darda Editora!

O rebelde "Esquimolândia" interrompendo nossa entrevista enquanto escuta Avril Lavigne num universo alternativo criado por Ulisses onde livros podem ouvir música.


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E chegamos ao fim! Foi muito, muito divertido esse bate-papo. Muito obrigado pela entrevista, por todo seu carisma e sua história de vida. Sem dúvidas, quando o Esquimolândia sair,  terá resenha aqui no blog (podem esperar, eu prometo). 
Bom, agora, você pode se despedir da gente, fazer suas considerações finais, dar recados para quem quiser e dizer suas expectativas para o futuro.

Bom, todo autor sonha em ser um best seller, ou, ao menos, poder se sustentar da escrita. É algo que eu também desejo. Porém, confesso que independente do retorno financeiro, o que realmente me faz sentir realizado, é apenas a leitura de alguém, haha. Meus olhos brilham quando um leitor me diz o que achou de minhas obras! É realmente maravilhoso. Ainda não posso priorizar a escrita, mas felizmente, o meu eu do passado fez isso! Haha. Já tenho 6 livros prontinhos para publicar (alguns já publicados digitalmente), sendo um já publicado e um quaaaaase lançado. Estou muito feliz com o que criei, e com o que descobri sobre mim com a leitura daquilo que escrevi no passado. Todas as minhas obras possuem uma correlação e eu pretendo manter assim. Pois um dia, entre personagens fantásticos, situações simuladas e versos abstratos, sei que meu verdadeiro eu poderá ser encontrado. Seja por mim, ou por aqueles que, verdadeiramente, quiserem me conhecer. O que quero dizer é que, nenhum livro que eu escrevo, é um livro isolado. No final das contas, existe uma relação entre todos eles. Os contos de O Cemitério das Garrafas Vazias estão interligados, A Cidade dos Esquecidos tem “easter eggs”, haha, e por aí vai. Meu sonho é, um dia, unir verdadeiramente o audiovisual com a minha literatura, e realmente inspirar as pessoas através de minha ideias e percepções da vida. Permitir que as pessoas se identifiquem em minha arte, e se possível, possam se ajudar. Porque não faz sentido participar desse mundo, sem contribuir de alguma maneira.

Muito obrigado pela entrevista! Um grande abraço!

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Desejamos sorte, muita felicidade, muita criatividade (que você já tem de sobra), e sucesso. Sucesso pra Esquimolândia e para todas as suas obras futuras! Mais uma vez, foi um prazer ter você aqui. 

Antes de dar tchau :(, aceita o nosso Desafio dos Exemplares? É um bate-pronto rápido de perguntas sobre literatura! Vamos lá:

- Um livro que você não gosta do autor, mas amou um livro dele. Vou falhar nessa primeira fase do desafio, haha. Não há um autor que eu tenha lido a obra desgostando do autor. Confesso que tô aqui forçando a memória. Mas para não falhar por completo, eu diria Anton Gill, que escreve a série Assassin's Creed, sob o pseudônimo de Oliver Bowden. Eu não gosto muito dos personagens dele, mas não consigo parar de ler os livros da série, hahaha.

- Livro favorito da vida. Dificílimo escolher um, mas o subconsciente não mente, e eu diria A Sombra do Vento, de Carlos Ruíz Zafón.

- Um livro bem adaptado para o cinema.
Harry Potter. Os livros são maravilhosos, os filmes são incríveis. Não há argumento.

- Seu personagem favorito da literatura.
Julian Carax, de A Sombra do Vento.

- Um livro que você odeia.
Vou me esforçar pra odiar um, só pra não vacilar no desafio, hahaha. Porque toda obra tem seu mérito, por ter, bem ou mal, a alma de quem o concebeu. Mas vejamos... Ah, como diria meu pai, odiar é uma palavra muito forte. Mas eu me decepcionei com O Vendedor de Sonhos, do Augusto Curry.

- Um autor que todo mundo ama, menos você.
Acho que Augusto Curry, haha. Mas não tirando o mérito dele. Só não tive a experiência que esperava com as obras dele que li.

- O livro mais louco que você já leu (e não vale o seu, haha).
Hahaha. Acho que não tem livro mais bizarro que o meu. Mas já li uns livros doidos. Eu destacaria Preciso Te Contar um Segredo, do Matheus S. Alves. Ri muito, e me identifiquei demais com os personagens dele, haha.


As fotos utilizadas aqui foram cedidas pelo próprio autor.

E aí, Exemplares, gostaram da nossa segunda entrevista foi aqui? Foi divertido, não foi? Então, agora deixo umas informações extras sobre o autor (descobri por conta própria, meio 007):


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Isso é tudo, pessoal. Um abraço e até a próxima! :)


 
Desenvolvido por Michelly Melo.