[RESENHA] O MEDO MAIS PROFUNDO, DE HARLAN COBEN

quinta-feira, 23 de março de 2017
AUTOR: HARLAN COBEN
EDITORA: ARQUEIRO
NÚMERO DE PÁGINAS: 270
LANÇAMENTO: 2016
GÊNERO: POLICIAL
Este livro foi cortesia da editora devido à parceria com o  evento Aliança de Blogueiros -RJ.

Temos aqui mais um livro (o sétimo!) da série de Myron Bolitar, um personagem do autor Harlan Coben. Você não precisa ler o primeiro e o segundo para ler o terceiro, são todos independentes (ufa). A única coisa em comum entre eles é o Myron como protagonista, o que é incrível, já que ele é um personagem fantástico. Ele não é nem herói, nem vilão. Ele é totalmente humano, e, como a maioria de nós, às vezes, Myron acaba passando por cima dos próprios princípios para conseguir o que quer. É como se fosse um anti-herói (ou quase isso). E aqui, em "O medo mais profundo", nós vamos acompanhar exatamente isso. Na parte inferior direita da capa há a frase "Do que você seria capaz para salvar seu filho?". Pois bem, é sobre isso que o livro se trata.



Falando rapidamente sobre o passado que molda a história, Myron é um ex-jogador de basquete que se tornou um agente esportivo (e detetive vez ou outra). Logo de cara, o personagem encara o retorno de uma ex-namorada (sua primeira) de sua época da faculdade, Emily Downing, que terminou com ele de forma dolorosa, trocando-o por seu maior adversário no basquete daquela época, Greg. 
Ela volta para pedir ajuda: seu filho de 13 anos, Jeremy, está morrendo e precisa de um transplante de medula óssea. A segunda revelação é ainda pior: Myron é o pai do garoto, uma consequência da última noite que passaram juntos.

A partir daí, o livro entra em uma investigação, uma série de mistérios que vamos desvendando conforme a narrativa brilhante de Harlan avança. Quanto mais o livro avança, mais mistérios surgem! O título de "O mestre das noites em claro" não é dado ao autor por acaso; fiquei preso ao livro o tempo todo durante a rápida leitura. 

"-Qual é o seu medo mais profundo? - sussurra a voz - Feche os olhos e imagine. Você consegue visualizar? A agonia mais terrível?

Após uma longa pausa, digo:

- Sim.

- Ótimo. Agora imagine algo mais terrível..."

Trecho: O medo mais profundo. 



Myron acaba descobrindo, através da médica de Jeremy, que há um doador compatível com o garoto, mas o homem simplesmente desapareceu. A solução parecia simples: achar o doador e convencê-lo a doar sua medula, mas as coisas se complicam quando Myron, com a ajuda de Esperanza, descobre que o tal doador é um verdeiro fantasma - não possui cadastro social, contas, absolutamente nada. Alguém sem passado! Hmmm...

Depois, a partir desse nome, Myron é levado a uma família poderosa e misteriosa, ao FBI, se mete com um ex-jornalista mentiroso e um suposto serial killer. É, pois é. Fica realmente difícil de largar esse livro e parar de roer as unhas durante a leitura...






"Havia uma verdade universal: as mentiras corrompem. Tentamos afastá-las. Colocá-las numa caixa e enterrá-las. Mas elas acabam saindo de seus caixões e túmulos. Podem dormir durante anos. Só que sempre acordam. E, quando o fazem, estão mais descansadas, mais fortes e insidiosas. As mentiras matam."




Como eu disse, Myron vai fazer de tudo para encontrar um doador para o seu filho. E, claro, ele não conseguiria fazer isso sem Esperanza e os outros personagens secundários, que são fundamentais para o desenvolvimento da trama. Win, o melhor amigo de Myron, e Esperanza, sua amiga e secretária, e a Agente Green, do FBI, são muito bem explorados aqui. Destaque também para Jeremy, a criança doente, que é muito bem desenvolvida pelo autor, mesmo aparecendo apenas pouquíssimas vezes durante a narrativa. 
Emily faz bem o papel de mãe desesperada, mas nada muito além. Na verdade, Harlan até tenta colocar uma dúvida na cabeça do leitor sobre a veracidade das palavras de Emily em alguns momentos, mas admito que isso não colou muito comigo. Caso ela não estivesse falando a verdade, o livro certamente teria outro tom nos momentos finais, e um desfecho completamente diferente... Não sei se ficaria bom. 

Há um diálogo extremamente interessante no capítulo 22, enquanto Myron ainda está atrás de quem é esse tal doador fantasma. Ele vai atrás de Peggy Joyce, uma possível ex-professora do doador desaparecido de Jeremy. Depois desse capítulo, eu pensei, "Okay, já valeu a leitura. Sério mesmo''.


"-As crianças são totalmente id. Talvez sejam as criaturas mais naturalmente malvadas da face da terra.
-Que opinião mais estranha para uma professora.
-É só uma opinião honesta.
-Qual palavra a senhora usaria então?
Peggy refletiu.
-Sob pressão, eu diria "inacabado''. Ou, talvez, "rudimentar". Como uma fotografia que ainda não foi revelada. O senhor se lembra daquele livro Tudo que eu devia saber aprendi no jardim de infância?
-Sim.
- Isso é verdade, mas não da forma que o senhor imagina. A escola tira as crianças do casulo materno afetuoso. Ensina-lhes a intimidarem ou a serem intimidadas. A serem más umas com as outras, e que mãe e papai mentiram quando diziam que elas eram especiais e únicas. 
Myron ficou em silêncio.
-O senhor não concorda?
-Não sou professor de pré-escola.
-Não tire o corpo fora, Sr. Bolitar. Elas aprendem a socializar. É uma lição difícil. E, como todas as lições difíceis, é preciso errar para acertar.
-Em outras palavras, elas aprendem a ter limites?
-Sim.
-Interessante. E talvez verdadeiro. Mas o senhor se lembra do exemplo que dei, de uma fotografia sendo revelada?
-Sim. 
-A escola só revela a foto. Não a tira. 
Trecho: Capítulo 22.

O medo mais profundo é um livro ágil e inteligente, sem enrolações e surpreendente. No final, quando tudo é aparentemente resolvido, eu até cheguei a pensar "ué, então é só isso?", porém, algumas páginas depois eu acabei entendendo tudo e AAAAAAAAAAA. O Harlan sabe exatamente como surpreender, de verdade. E, além de surpreender, ele sabe nos fazer rir, porque esse livro também consegue ser muito, muito engraçado. Eu até poderia colocar algum diálogo engraçado aqui, mas são tantos que eu vou deixar para vocês conferirem por si mesmos. 


Simplesmente brilhante. Você vai rir, rir muito, roer as unhas, ficar boquiaberto, e ainda vai passar algumas horas pensando no livro enquanto almoça, estuda ou trabalha. 
E ainda vai querer mais. 

Nota: 5/5








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