[RESENHA] EM ALGUM LUGAR NAS ESTRELAS, DE CLARE VANDERPOOL

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017


LIVRO – Em Algum Lugar nas Estrelas.
AUTOR – Clare Vanderpool
NÚMERO DE PÁGINAS – 288
EDITORA – Darkside Books
LANÇAMENTO – 2016
GÊNERO – Drama.

Todos conhecem a Darkside Books por seus livros de terror. A editora é nova no mercado brasileiro, mas já provou que chegou pra ficar por conta da grande qualidade oferecida em seus produtos. Recentemente, a editora resolveu investir numa nova linha, a DarkLove, onde a editora convida o público para mergulhar em histórias escritas por mulheres sobre fantasia e a sensibilidade humana.

E é dessa nova linha de livros que surge Em Algum Lugar nas Estrelas, de Clare Vanderpool. O resultado final do livro ficou incrível, todo o projeto gráfico está impecável, e, sem querer pesar o patriotismo, conferi a edição norte-americana, a original, e posso dizer que a brasileira consegue ser tão incrível quanto, ou até mesmo superior. 



Em Algum Lugar nas Estrelas é sobre uma história que nos conta uma história. Ambientado no estado do Maine, litoral dos EUA, conhecemos Jack Baker, um garoto do Texas, e Early Auden, "o mais estranho dos garotos".
O começo dessa emocionante aventura é o fim da Segunda Guerra, por volta de 1945, e é a partir disso que entendemos as emoções passadas pelo Jack, o narrador, nas primeiras páginas desse livro.
Além de ter perdido sua mãe recentemente, Jack vê seu pai retornar da Guerra como um desconhecido, e ambos não sabem como lidar com essa falta de intimidade.
O seu pai, um militar das forças armadas americana, foi lutar na Guerra quando Jackie tinha apenas 9 anos, e agora que voltou, o filho deixara de ser uma criança. Como criar amizade com um filho que você mal conhece? Ele não sabia. 
E, como solução para esse problema, o pai de Jack resolve enviar o filho para um colégio de internato somente para garotos, no Maine. 


"A primeira vez que a gente vê o mar deve ser muito emocionante ou aterrorizante. Queria poder dizer que foi uma dessas coisas pra mim. Eu só vomitei na praia cheia de rochas"

CAPÍTULO 1 - EM ALGUM LUGAR NAS ESTRELAS.

O cenário pós-guerra, a perda de sua mãe e a mudança drástica de escola contribuem para que possamos entender esse colapso na cabeça do pequeno Jackie, que agora não acredita mais em super-heróis, mesmo tendo apenas 12 anos. E quem acreditaria neles em meio a uma Guerra no Mundo? Onde estava o Batman, o Superman, ou o Homem de Ferro nesse momento?Jack Baker perdera a fé em tudo isso. 
E, ao chegar em seu novo colégio, ele tem novos desafios pela frente. Sendo do Texas, o garoto estava acostumado apenas com esportes comuns,  em solo firme. No entanto,em Morton Hill, os garotos fazem remo. Como Jack poderia encarar esse desafio sem nunca ter praticado esse tipo de coisa antes? 
Com Early Auden. Com a ajuda de Early Auden, o mais estranho dos garotos, Jack aprende o estilo de vida do litoral e encara o mar do Maine. E é a partir daí que a nossa aventura começa. 

"Navegamos em silêncio por muito tempo, cada um de nós perdido nos próprios pensamentos"

CAPÍTULO 14 - EM ALGUM LUGAR NAS ESTRELAS.

Early é, sem dúvida, o ponto mais alto do livro. O garoto chega a ser mágico de tão encantador, com uma inteligência fora do comum, além de ter uma forma diferente de se relacionar com as pessoas e enxergar o mundo. Por exemplo, Early separa cada dia da semana para ouvir um artista diferente. Segunda, é dia de Louis Armstrong. Quarta, é sempre Frank Sinatra. Domingo, Mozart. Bem, isso, quando a chuva não cai. Porque, quando chove, é sempre Billie Holiday.

Hoje, pelos padrões atuais, Early poderia ser diagnosticado como autista ou um erudito, mas, a autora resolveu não utilizar essas palavras na história pelo tempo em que ela se passa, já que em 1945 as pessoas não usavam esses tipos de diagnósticos. Naquela época, o garoto de apenas 1,40m seria apenas diagnosticado como um estranho.

No começo do livro, numa discussão em aula com um professor de Álgebra, Early afirma que o número Pi é infinito, contestando a teoria do mestre, que diz que o Pi, em algum momento, assim como tudo na vida, acaba.  Eu poderia dizer mais sobre essa parte da história que fala sobre o número de Pi, as teorias e todo o resto, porém, para não estragar as incríveis surpresas sobre essa camada valiosa da narrativa, deixo aqui um suspense para os futuros leitores do romance de Clare Vanderpool. Acredite, você irá querer descobrir sozinho sobre as fantásticas teorias do menino Early Auden.

E, depois de todo esse começo sobre um início de uma amizade, barcos, remo e Pi, Morton Hill acaba ficando vazia por conta  das festas de fim de ano, já que os alunos voltam para a casa e viajam com seus pais. Exceto por Jack e Early, é claro, que acabam ficando sozinhos na escola.
Então, livres para sair, os dois garotos embarcam numa aventura incrível pelas águas do Maine, com muita fantasia, piratas, perigos e emoções. 

Em Algum Lugar nas Estrelas é uma história sobre amadurecimento e amizade. O laço desenvolvido entre Jack e Early ao decorrer das aventuras de barco é feita com maestria pela escrita de Clare, que é outro ponto forte do livro. 
O livro é sobre deixar o passado e seguir em frente. Sobre ter alguém de confiança. E sobre Early Auden, que salvou o melhor amigo, Jackie. 

" Quando o oceano molhou meus pés, percebi que Early Auden, o mais estranho dos garotos, tinha me salvado de ser levado embora. Ele me salvou quando me ensinou a reconstruir um barco, que os números contam histórias e que, quando chove, é sempre Billie Holyday''.

Uma leitura fluida, sensível, encantadora, excepcional e marcante. 

Nota: 5/5.








2 comentários

  1. Estou encantada com a história e curiosa para saber o final dela.

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  2. Depois dessa resenha preciso ainda mais desse livro. 😍😍😍

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