[RESENHA] ONE MAN GUY, DE MICHAEL BARAKIVA.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

LIVRO – One Man Guy
AUTOR – Michael Barakiva
NÚMERO DE PÁGINAS – 272
EDITORA – LeYa
LANÇAMENTO – 2015
GÊNERO – Ficção Armênia; Romance LGBT.

AUTOR: Michael Barakiva é diretor de teatro, escritor e de descendência armênia e israelita. Mora em Manhattan, com o marido, Rafael Ascencio. Adora cozinhar e jogos de tabuleiro e se orgulha de ter conquistado o Most Improved Player Award de 2011 pelo New York Ramblers, o primeiro time gay de futebol americano dos Estados Unidos. Lançado em 2014 o livro entrou para lista de livros Arco-íris, além de ter sido votado como o 1º YA livro LGBT do ano de lançamento. 

O começo desse livro me pegou de surpresa. A primeira cena é uma verdadeira aula de narrativa feito por Barakiva, que consegue passar cada detalhe de forma precisa sobre tudo o que está acontecendo no ambiente, como se estivéssemos assistindo a um filme, na verdade. E como eu poderia esperar menos de um escritor-diretor de cinema?

O primeiro capítulo é engraçado. Mesmo sentindo raiva dos pais de Alek, o nosso personagem principal, não deixei de me divertir bastante enquanto conhecia um pouco mais da cultura armênia. E, sobre isso, o livro é um prato cheio de informações culturais sobre um povo que não conhecemos muito. O próprio autor do livro é de descendência armênica, assim como Alek. E isso explica muita coisa. 

"Você vai fazer um curso de verão! - anunciou a mãe, como se estivesse acabado de ganhar um prêmio.
-Eu o quê?"
ONE MAN GUY, PÁGINA 12.

 Tudo começa quando Alek, o Aleksander, um garoto com 14 anos de Nova Jersey, descobre que não vai jogar tênis nas férias, e sim, permanecer na escola, por conta das suas notas não tão altas assimNo diálogo com seus pais, podemos perceber o quanto não adianta Alek falar e expor o que quer, é sempre a opinião dos pais que acaba permanecendo no fim.

No meio de toda essa tristeza pelas férias frustradas, conhecemos Becky, a melhor amiga de Alek. Ela é fundamental para toda a narrativa do livro, um personagem bem construído e com um ótimo alívio cômico. A garota, que é viciada em filmes clássicos e patinação, acaba se enrolando numa confusão entre amor e amizade com seu melhor amigo. 

E, no meio do curso de verão, logo após um encontro inesperado numa briga de rua, seguindo a linha do ditado "Os opostos se atraem", Alek conhece Ethan, um jovem do segundo ano, skatista, que ama faltar as aulas indo à Nova York. 

O que vem a seguir é o que todos nós queríamos ler: o romance entre dois garotos. Alek, passando por uma fase de descoberta. Ethan, ajudando-o com toda essa complicação que é a autoaceitação, a descoberta da própria sexualidade. 

Entre incríveis aventuras em Nova York, culinária armênica e pequenos delitos, nasce uma amizade entre os dois garotos. 

As coisas em One Man Guy acontecem de forma natural. Se o processo de autodescoberta da comunidade LGBTT fosse como descrita no livro, teríamos muito menos problemas em nossa sociedade acerca do tema.
Esse livro não é sobre dificuldades dentro do tema abordado em si, e sim, sobre o amor. O amor em sua essência, de forma pura e encantadora. 

One Man Guy não é apenas um romance gay, é também sobre as diferenças (seja cultural ou de personalidade), e que devemos, acima de tudo, respeitá-las. É interessante também acompanhar o processo de Alek ao se desprender do seu antigo estilo de vida e Ethan tentando entender a importância da preservação de tradições familiares e coisas do tipo. Becky, como eu disse, vem com o humor, aquela amiga que todos nós desejamos ter.
O livro é divertido, mas, em alguns momentos, para os mais "pés no chão", talvez não seja tão fácil aceitar o desenvolvimento da narrativa, já que é quase como imaginar um mundo ideal, em que os problemas da sociedade estão apenas dentro de nossas mentes. 


"Só sei que gosto de estar aqui com você e não consigo me imaginar querendo mais ninguém. Isso basta para você?"

Uma leitura leve e prazerosa que, certamente, você irá se identificar em algum momento.

Nota: 4/5.


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